sexta-feira, 22 de maio de 2015

Poeta?

Não que eu não saiba escrever;
Claro que não sou grandioso,
Meus inspiradores podem me entender –
O que escrevo é valioso

Escrevo como mandam as emoções
Com puro sentimento
E segundas intenções.
Escrevo sobre meu renascimento

Escrevo com ingenuidade e malícia
Com maturidade sobre a infância
Escrevo sobre beijos e carícias
Escrevo sobre o hoje com ignorância

Nem sempre tenho inspiração
Nem sempre quem escreve é meu EU
O que vale é a intenção,
Que entendam o coração meu

Sentimentos verdadeiros
Ou simples invenções
Palavras são tiros certeiros
Mas podem errar os corações

Poeta eu não sou
Nem pretendo ser
Sou um homem que o prazer alcançou
Ao seus sentimentos escrever

Samuel Pereira

Difícil Indecisão

É tão difícil entender
O porquê dos sentimentos
Quando está por perto
Sinto que te quero
Mas isso não é certo
Mas é impossível?
Talvez não
Talvez seja apenas
Uma questão de moral
De princípios, de fidelidade.

Agora, estando longe,
Sinto, ainda mais,
Que te quero.
Mas posso refletir
Sobre meus conceitos
Meus princípios,
Já que não está aqui
Para me tirar a atenção.
Penso na vida com você
Então vejo que seria melhor
Se você eu não conhecesse.

Samuel Pereira

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Uma rosa para minha rosa

Uma rosa para uma rosa
Uma flor para a flor do meu jardim
Uma singela demonstração
Do carinho que por ti sinto.

Tem me conquistado cada dia mais
E, assim, me trazido à vida
À vida que ainda não conhecia

Sinto-te em pensamentos
Como o sol sente a grama
Numa manhã molhada;
A beleza do tato telepático

Tendo-te em meus braços,
Mesmo que por relances do dia,
Sinto-me muito feliz

Como uma criança que ganha um doce
Após muito pedir e esperar

A beleza dos nossos encontros
É a imprevisão.
Não sabemos o que vai acontecer
Até que as coisas acontecem

E que doces coisas acontecem
Aventuras, romance, desavenças...
Naturalmente natural.

Como um casal apaixonado,
Brigando por bobagens
Cotidianas futilidades
Que provam nossos sentimentos

Oh! Que descoberta magnífica
Encontrei o amor! O meu amor!
Mas se não for amor, esplendoroso amor –
Sentimento qual não tenho intimidade –

Eis aqui o mais perto que cheguei
Do amor... De amar!

Samuel Pereira

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mania de ser Humano

        Cada ser humano tem, pelo menos, uma (ou mais) mania esquisita. Umas pouco esquisitas e outras chegam a ser falta de educação. São manias de fala, gestos, comportamentos; uma variedade incrível de manias esquisitas. Por exemplo, uma professora que deu aula para mim tinha a mania de chamar a atenção da turma com a frase:
        -Vamos lá!
        Ela falava de uma forma meio “cantada”. O problema era que a voz dela é muito irritante. Essa sim é uma mania que ofende nossos ouvidos. Tenho um amigo que sua mania é falar ! Ele coloca isso em tudo (Né?). Parece que para perguntar “Tá tudo bem?”, usa n s. É a língua do P, mas no lugar do P é o Né.
        -NÉTÁ NÉtu-NÉdo NÉbem?
        É incrível. Acho que a mãe dele errou no nome. Deveria ser NÉlson.
        Outro amigo tinha mania de ficar apertando o “botãozinho” da caneta durante as provas na escola. Muita gente tem essa mania, mas durante a prova? Falta de bom senso. De tanto a turma xingá-lo, começou a trazer canetas BIC – aquelas de tampinha, sem botão. – Infelizmente, começou a comer essas tampinhas. (Ave Maria) Cada mania.
        Meu padrasto tem uma mania! Mania de comprar pizza de frango com catupiry. Só de frango com catupiry. Uma vez, combinamos de comprar pizza, então chamei alguns amigos para comer. Foi meu padrasto quem foi buscar. Ele chegou com três pizzas. Abri a primeira caixa, frango com catupiry. A segunda, frango com catupiry. Abri a terceira e vi que dessa vez ele mudou – Calabresa e... Frango com catupiry (meio a meio). Ainda bem que ele não trabalha em uma granja. É capaz de levar catupiry na mochila e jogar em cima de um frango e comê-lo (caralho!)
        Quando trabalhava em um supermercado, tinha um amigo açougueiro que sua mania era desossar. Um dia, estávamos no refeitório assistindo TV e ele mudou de canal, chegando àqueles canais que fazem leilões de bois e similares. Ele olhou por alguns segundos, depois soltou a seguinte frase:
        -Ai, meu Deus! Vou mudar de canal porque estou ficando com vontade de desossar esses bois.
        (Santo Pai, hein?)
        Minha mãe tem mania de ficar enrolando uma mecha do cabelo da testa. Quase o tempo todo. Não pode ficar ociosa que já começa.
        Eu – nem me fale – tenho muitas manias. Uma delas, muito comum (eu acho), é a de propor desafios a mim mesmo. Por exemplo, andando na rua, tenho que chegar a determinado ponto antes de passar por mim um carro. Ou tenho que fazer algumas coisas na cozinha antes do microondas apitar.
        Outra mania é ficar jogando objetos para cima. Canetas, chaves, facas, copos de vidro... Sim, eu realmente disse facas (afiadíssimas). Tenho mania de andar com o celular para todo lugar, mesmo sem bateria.
        Tenho mania de me arrumar em cima da hora. Mania de roer as unhas. Só roer, não as como. Mania de dar passos no ritmo das músicas tocando no meu fone. Não consigo ficar parado muito tempo. Principalmente na praça de alimentação dos shoppings. Isso me dá um nervo. Mania de querer sempre ser o centro das atenções – coisa de leonino.
        Às vezes eu não queria ter manias. Mas ser humano sem mania não é ser humano.
        Nem sei se minhas manias são somente minhas. Nasci com algumas, outras adquiri com minha mania de trazer para mim a mania dos outros. Mas sempre vou ter manias.
        Isso nos torna diferentes. Um conjunto de manias é a nossa identidade. Todo mundo lembra de alguém por alguma mania que essa pessoa tem. Isso é o que nos torna únicos.


Samuel Pereira

terça-feira, 12 de maio de 2015

Se fosse "outros carnavais"

No dia errado eu nasci
Ou errado foi o dia,
Hora e lugar que te conheci

Conhecer-te queria antes
Outrora não haveria problema
Outrora seríamos amantes

Mas me contento em ser
Um amigo, um companheiro
Sua amizade sempre eu quero ter

Mas, cá entre nós, vou falar
Sei, pelo seu sorriso malicioso,
Um dia, na boca um beijo vou ganhar!

Samuel Pereira

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Pai

Que dor que não alivia,
Que tristeza não morre
Se você me socorre
E para minha vida traz alegria?

Meu herói e meu amigo
Andar quero sempre contigo

Nunca outro quero ser
Só com você quero me parecer

Quando à vida cheguei
Mamãe foi a primeira que conheci
Papai, então, reconheci
Quando em seus braços me deitei

Senti no fundo do coração
Que aquele era meu guardião

Fonte da minha inspiração
Com você tudo é canção

Sei que sempre nos amaremos
Amor que não tem explicação
Pai e filho – um só coração
Sempre juntos viveremos!

Samuel Pereira
(Poema dedicado ao meu amigo, meu herói e fiel companheiro – MEU PAI)

Eu não gostava de aviões de papel

Eu não gostava de aviões de papel.

Eu não gostava de aviões de papel. Uma porcaria de papel dobrado que mal voa. Para mim, não havia graça nenhuma.
            Após algum tempo, já trabalhando na escola, percebi um menino que ficava sozinho na hora do intervalo jogando um aviãozinho de papel. Não dei muita bola. Com o passar dos dias, os outros garotos também perceberam a brincadeira do menino e começaram a se juntar, cada dia mais, na tão desinteressante brincadeira.
            Foi, então, que notei uma grande diferença nos aviões daquele garoto. Eles voavam de verdade! Não “de verdade” como nossos aviões que, sinceramente, acho incríveis – um bicho daquele tamanho, pesado, sem vida... Voando – mas o dele planava que era uma beleza.
            Era incrível quando ele soltava sua aeronave. O avião subia, subia, e planava pelo pátio da escola. Os outros garotos admiravam, pois seus aviões, geralmente, subiam e desciam numa violenta espiral.
            Ele ficava com pena e pedia para arrumar os aviões dos colegas. Parecia mágica! Ele punha o avião no chão, forçava as dobras já marcadas e zás: o avião voava, lindamente pelo pátio. Ele tinha o dom, com certeza ele tinha.
            Um belo dia, (que dia frio!) fiquei observando, concentrado, o seu avião planar. Fiquei imaginando aquele garoto, quando adulto, pilotando um avião, como aqueles da Força Aérea. Ou ele poderia trabalhar como piloto e viajar o mundo todo em seu avião. Esse deveria ser o sonho dele.
            Ele jogou mais uma vez o avião e eu o segui com o olhar. Ele planou como uma águia imponente no céu. Vi quando ele fez uma curva e percebi que ficava maior – cada vez maior e maior e maior e maior... Acertou em cheio o meu olho esquerdo. O garotinho veio correndo, pedindo desculpas. Eu não me importei, não havia me machucado. E cá entre nós: A culpa foi minha. Fiquei parado enquanto o avião vinha em minha direção.
            Peguei o aviãozinho do chão e fiquei olhando por alguns segundos. Fiquei imaginando o sonho daquele menino. Certamente se cumpriria. Eu torcia por ele. Lembrei-me dos meus sonhos de criança. Outrora queria ser médico. Depois policial. Hoje estou quase me formando educador. Os aviõezinhos que caíam logo que voavam, numa violenta espiral, eram meus sonhos, de certa forma, fracassados, passageiros. Eram os meus sonhos de criança. Agora, eu tenho um avião que planou e ainda plana mais que os outros: ser professor, meu maior sonho.
            Olhei para o menino, agora com o braço estendido esperando seu brinquedo de papel. Olhei bem fundo em seus olhos e perguntei:
            -O que você pretende ser quando crescer?
            Ele olhou para o avião e respondeu baixinho. Eu, sinceramente, me decepcionei. Não pela profissão que ele escolhera. Porque eu estava confiante que ele diria piloto de avião. Mas ele, simplesmente, disse:
            -Eu quero ser padeiro.
            E saiu pulando com o aviãozinho de papel na mão.


Samuel Pereira